Sobre

Prefácio póstumo

por Arthur de Faria

 

Esse site é um xodó de jornalistas, pesquisadores e principalmente instrumentistas, arranjadores e produtores, essas figuras tão esquecidas – mais ainda em tempos de plataformas digitais com tão escassas informações. Mas esse é um site pessoal. E intransferível. Porque parte do seu encanto está nas idiossincrasias com que foi construído: ele é o catálogo da discoteca de sua autora Maria Luiza Kfouri, a Mana (para os íntimos).

Os artistas que Mana mais amava (Elis e Edu Lobo, por exemplo) estão com suas discografias completíssimas. Os que ela nem tanto, nem tanto. E os que não, são solenemente ignorados, independentemente da sua popularidade.

Porque estes discos do Brasil eram os discos do Brasil físicos da Mana, que ela mantinha organizados, catalogados, em CD ou LP. Só em 2021 ela se rendeu – sob fortes protestos – ao fato de que precisaria incluir pelo menos alguns álbuns digitais, esses que só existem nas plataformas.

Isto tudo aqui dito é para esclarecer uma decisão tomada por quem ficou quando a Mana se foi, em julho de 2023: sim, o site fica no ar.

Mas não, não faria nenhum sentido atualizá-lo, fosse por quem fosse.

A gente fica imaginando a fúria dela se alguém conspurcasse sua coleção de afinidades eletivas com algum artista que ela jamais teria ali.

Estamos esclarecidos?

Pois então, se você está chegando aqui pela primeira vez, seja feliz.

Você vai se deslumbrar.

Afinal, em nenhum outro lugar você conseguirá localizar 671 músicas que Wagner Tiso arranjou em 117 discos.

Ou descobrir que, tocando surdo – apenas um dos 23 instrumentos em que ele está catalogado – Gordinho (Antenor Marques Filho) gravou 914 faixas em 164 discos aqui catalogadas.

E aí você sabe tudo sobre cada uma delas só clicando por aqui.

 

Arthur de Faria é pianista, compositor, arranjador, produtor musical, jornalista e era muito amigo da Mana.

Você é muito bem-vindo ao site Discos do Brasil.

 

Antes de começar a navegá-lo, é preciso que você saiba que esta Discografia é baseada em minha discoteca particular, que comecei a formar em 1965, aos 11 anos de idade, fascinada diante da movimentação musical que eu acompanhava pela televisão e pelos diversos espetáculos a que era levada em São Paulo.

 

Aqui você vai encontrar as discografias completas de muitos artistas surgidos com a Bossa Nova ou depois dela  – como, por exemplo, as de João Gilberto, Tom Jobim, Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso, Edu Lobo, Gilberto Gil, Baden Powell, Maria Bethânia, Paulinho da Viola – e, ainda, as de Dorival Caymmi, Noel Rosa e Cartola. Outros grandes nomes de todos os tempos da música brasileira estão aqui, mesmo que suas discografias não se apresentem completas.

Tenha sempre em mente que este trabalho não traz “A” discografia do Brasil e, sim, “UMA” discografia brasileira com um recorte muito pessoal.

Além dos títulos dos discos, dos anos em que foram lançados, das músicas que os compõem e de seus autores, esta discografia tem como grande diferencial o fato de listar os músicos acompanhantes, as faixas em que tocam e cada um dos instrumentos que estão tocando.

 

Nos casos em que a ficha técnica não especifica a participação do músico por faixa, dediquei-me ao lento e meticuloso trabalho de ouvir cada uma delas para identificar todos eles (nos discos em que isso acontece sempre há uma observação). Quanto aos arranjadores, também estão relacionados por disco – quando seus nomes aparecem na ficha técnica – e por faixa – quando a ficha traz essa especificação.

 

O site permite uma navegação simples, possibilitando o acesso às informações pelo título do disco, ou pelos nomes do intérprete, da música, do compositor, do arranjador, do músico e, até, por alguma participação especial que o disco tenha. É possível, também, conhecer as parcerias entre os compositores

 

Você pode, ainda, ouvir as músicas por 30 segundos. E por que somente 30 segundos? Em respeito aos direitos dos autores, dos cantores e dos músicos. Uma seta aparece ao lado do nome da música  e, ao clicar nela, você ouve um trecho da faixa.

 

Este site estará em permanente construção, pois será constantemente atualizado com os lançamentos e também com aqueles discos que, por qualquer impossibilidade, ainda não estejam aqui.

Discos do Brasil entrou na rede em maio de 2005, com pouco mais de 4 mil discos catalogados. A partir de fevereiro de 2010, o site passou a contar com mais de 6 mil discos, 1.866 intérpretes principais, 44.652 músicas, 16.049 músicos, 2.537 arranjadores e 10.233 compositores registrados. Em dezembro de 2020, são 7.482 discos, 2.424 intérpretes principais, 56.017 músicas, 53.428 músicos, 3.321 arranjadores e 12.028 compositores registrados. E o trabalho continua.

Espero que você o aprove e que, por meio dele, possa aprofundar seus conhecimentos sobre a grande música que esse país produz.

 

Maria Luiza Kfouri

Nascida em São Paulo, quatro anos antes da Bossa Nova, Maria Luiza Kfouri é jornalista e musicóloga.

 

Foi coordenadora musical da Rádio Gazeta FM (SP) em 1988, ano em que a emissora recebeu – da Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA) – o prêmio de melhor programação musical. Entre 1989 e 1995, foi diretora da Rádio Cultura AM de São Paulo, onde co-dirigiu e co-produziu as séries “Noel Rosa, as Histórias e os Sons de uma Época” (1991); “Elis. Instrumento: Voz. Uma Travessia em 6 Tempos” (1992) – prêmio APCA; “Vinícius. Poesia, Música e Paixão” (1993) – prêmio APCA; “Caymmi por Ele Mesmo” (1994) – prêmio APCA.

 

Maria Luiza é autora da “Cronologia” e “Discografia” que estão na segunda parte do livro “Furacão Elis”, lançado originalmente em 1985.

 

Em 2004 escreveu os capítulos “Breve Histórico do Violão” e “Grandes Mestres” do livro “Violões do Brasil”, projeto organizado por Myriam Taubkin que envolve, ainda, um CD duplo e um DVD.

 

Em 2005 escreveu o capítulo “História”, do livro “Um Sopro de Brasil”, projeto também organizado por Myriam Taubkin.

 

Em 2020, continua a atualizar constantemente o site, escreve sobre música brasileira e, devido à quarentena imposta pela pandemia do coronavírus, participa de inúmeras “lives”.